Mensagem – Entre o Tejo e a Solidão
Há lugares onde o tempo não passa.
E há outros, como o Tejo, onde tudo passa… até a alma de quem ali se perde a olhar.
Foi entre estas duas margens — a do rio e a da saudade — que nasceu este fado.
Nasceu sem aviso, como tudo o que é verdadeiro.
Não o escrevi com caneta… escrevi-o com o silêncio das noites em que me sentei junto ao Tejo, sozinho, a ouvir o que ninguém diz, mas que tudo grita por dentro.
"Entre o Tejo e a Solidão" é mais do que uma canção — é um desabafo calado, um retrato de quem se senta a ver Lisboa escurecer e não tem para onde voltar.
É sobre esse intervalo entre o que fomos e o que não chegámos a ser.
Sobre o vazio que fica quando um amor parte, quando uma palavra não é dita, quando o fado é a única voz que sobra.
Canto este tema como quem se confessa.
Cada verso leva o peso de uma ausência, o eco de uma promessa quebrada, a sombra de um abraço que nunca veio.
Mas no fundo… há beleza até nisso.
Porque o fado é isso mesmo: transformar dor em arte, silêncio em partilha, solidão em companhia.
Se alguma vez te sentiste sozinho mesmo rodeado de gente, este fado é teu.
Se já olhaste o Tejo com os olhos molhados e não sabias bem porquê, este fado também é teu.
E se já te encontraste no fundo de ti e não gostaste do que viste… canta comigo.
Porque entre o Tejo e a solidão, há sempre um espaço onde cabe a música — e talvez, também, a redenção.
Com alma e verdade,
Duarte Marçal
Entre o Tejo e a Solidão - Duarte Marçal





