Mensagem de Alma para o Público
Meus amigos,
Nesta viagem feita de notas e silêncios, há uma coisa que nunca me abandona: a saudade. Essa velha companheira que não grita, mas que tudo diz. Que não tem corpo, mas pesa no peito. Que não se vê, mas está em cada olhar, em cada palavra, em cada canto da cidade que me viu nascer — Lisboa.
Quando canto, não o faço para ser ouvido. Faço-o para sentir. Canto para os que partiram, para os que ficaram à espera, para os que nunca souberam dizer adeus. Canto para quem vive com o coração a meio, com a alma por inteiro. E nesse momento, quando a guitarra portuguesa chora comigo, todos somos um só — unidos pela dor, pelo amor, pelo tempo que passa devagar dentro de nós.
O fado não se aprende. O fado acontece. Surge numa esquina qualquer de Alfama, num copo de vinho à meia-noite, no som dos passos solitários na calçada molhada. O fado é memória viva. É poesia de rua. É lágrima disfarçada de voz.
Este álbum, "Sombras de Lisboa", nasceu do silêncio dos meus próprios dias, da vontade de transformar a dor em beleza, de dar voz a histórias que nunca foram contadas. Cada canção é uma vela acesa num beco escuro do passado. Cada verso é um pedaço de mim e, talvez, de ti também.
Obrigado por me permitirem entrar nos vossos ouvidos, mas mais ainda: no vosso coração.
Que a minha saudade encontre eco na vossa.
Com verdade,
Duarte Marçal
Saudade Que Não Cansa - Duarte Marçal


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