domingo, 5 de outubro de 2025

Heróis do Nada - Lourenço Verissimmo


Heróis do Nada não são figuras de capas brilhantes nem rostos estampados em jornais. São homens e mulheres que acordam cedo demais, trabalham até tarde demais e ainda assim regressam a casa com a dignidade intacta — mesmo que o corpo pese e a alma carregue o fardo. São as mães que pegam dois autocarros para limpar casas que nunca serão suas, os pais que aceitam qualquer bico para pôr comida na mesa, os jovens que largam os sonhos para sustentar a família.

Vivem numa guerra que não tem trincheiras nem bandeiras, mas que exige resistência todos os dias. Enfrentam a inflação, o desemprego, a burocracia e o esquecimento de um sistema que só se lembra deles quando precisa de mais um voto ou mais um imposto. E, apesar de tudo, continuam a lutar — não porque esperem medalhas, mas porque sabem que parar é perder.

São os construtores invisíveis do país, os pilares que ninguém vê, as colunas que aguentam o peso de uma sociedade que raramente olha para baixo. O mundo não lhes chama heróis. Mas se amanhã eles desistissem, o silêncio e o vazio que ficaria revelariam que, afinal, foram sempre eles que seguraram tudo.

Eles são os Heróis do Nada, e é por isso mesmo que são tudo.

Heróis do Nada - Lourenço Verissimmo




 

sábado, 4 de outubro de 2025

Muralhas Invisíveis - Lourenço Verissimmo


Mensagem para "Muralhas Invisíveis"

Há muros que não se veem, mas que sentimos todos os dias. Não têm tijolos, nem cimento, não aparecem nos mapas, mas estão erguidos dentro das ruas, das escolas, dos empregos, dos olhares. São muralhas feitas de preconceito, de desigualdade, de medo, de esquecimento. Separações que não precisam de arame farpado para serem cruéis.

Vivemos lado a lado, mas não juntos. O bairro rico e o bairro pobre, a rua iluminada e a viela escura, o acesso fácil e a porta fechada. Quem nasce de um lado raramente atravessa para o outro, não por escolha, mas porque as barreiras são altas, frias e silenciosas. É como viver numa prisão a céu aberto, onde as grades são invisíveis, mas as consequências são bem reais.

Estas muralhas não caem com explosivos ou com máquinas. Elas caem com consciência, com diálogo, com justiça. Mas para isso, precisamos primeiro admitir que elas existem. Fingir que não vemos é reforçar cada pedra que as compõe.

O combate contra as muralhas invisíveis começa dentro de nós. No momento em que escolhemos tratar o outro como igual. No instante em que usamos a nossa voz para quem foi silenciado. Na hora em que percebemos que, enquanto houver um lado de fora, todos estamos, de alguma forma, presos.

Porque a liberdade verdadeira não é apenas poder andar onde quiser. É viver num lugar onde ninguém precise de muralhas — nem visíveis, nem invisíveis — para se sentir seguro.
E esse dia só chegará quando o medo for menor que a coragem e a indiferença menor que a empatia.
Até lá, a luta continua.

Muralhas Invisíveis - Lourenço Verissimmo




 

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Bairro Suspenso - Lourenço Verissimmo


Mensagem para a música 🎵 10. "Bairro Suspenso"

Há bairros que parecem viver numa espécie de suspensão — entre o que já foi e o que nunca chegou a ser. Lugares onde o tempo não passa, apenas repete. O “Bairro Suspenso” é um retrato cru dessa realidade: esquecido pelos governantes, ignorado pelos mapas turísticos e silenciado pelas grandes narrativas. É como uma terra parada no tempo, onde as promessas são feitas com tinta lavável e a esperança tem validade curta.

As janelas olham para ruas onde as crianças aprendem mais sobre sobrevivência do que sobre matemática. Os velhos contam histórias que já ninguém quer ouvir, mas que ainda servem de bússola aos que tentam não se perder. A rua é a escola, a igreja e o tribunal — tudo num só lugar, onde se julga quem erra e se ampara quem cai. Aqui, viver é resistir, e resistir é um ato de coragem diária.

O “Bairro Suspenso” não é só concreto e tijolo: é feito de gente. Gente que se recusa a ser estatística. Gente que acredita no valor do pouco, no poder da união e no futuro, mesmo que ele demore. É um bairro onde o som das panelas ao fogo se mistura com o barulho das sirenes, onde os grafites nos muros dizem mais verdades que os discursos de campanha.

Esta música é para todos os que vivem nesse limbo, que continuam a erguer os seus dias com mãos calejadas, mas cheias de vontade. É um grito preso entre paredes finas, um pedido de atenção num mundo surdo. Um bairro suspenso não é um bairro perdido — é um bairro em espera. Espera por justiça, por dignidade, por espaço para sonhar. E enquanto espera, canta. Porque a música, ao contrário das promessas, nunca falha.

Bairro Suspenso - Lourenço Verissimmo




 

quinta-feira, 2 de outubro de 2025

ESPALHOS PARTIDOS - Lourenço Verissimmo


🎧 Mensagem para "Espelhos Partidos"

Vivemos em territórios onde os reflexos não contam a verdade. Crescemos entre os cacos de uma identidade fragmentada, esculpida por décadas de abandono, preconceito e silêncio institucional. "Espelhos Partidos" não é apenas uma metáfora — é um grito surdo vindo das margens, daqueles que, ao olharem para si mesmos, já não reconhecem o país que os criou. A imagem no espelho não é só distorcida; ela é negada, ignorada, omitida.

Este som é para todos os que foram ensinados a sentir vergonha da sua origem, que esconderam o sotaque, os traços, os hábitos — tentando caber num molde que nunca os acolheu. É uma canção para os que ouviram a frase “não pareces de cá” como acusação e não como elogio. Para quem cresceu em bairros onde a beleza é subestimada e o potencial é descartado.

Mas entre os estilhaços há resistência. Porque mesmo partidos, os espelhos ainda refletem. E cada pedaço quebrado guarda uma verdade que ninguém pode apagar. A verdade de que não és invisível, não és erro, não és exceção. És resultado de um sistema que sempre privilegiou o centro e esqueceu as margens. Mas tu — e todos os que contigo caminham — têm voz, têm alma, e têm o direito de se verem como são: inteiros.

Esta faixa não cura a ferida, mas denuncia a lâmina. Não reconstrói o espelho, mas dá nome ao estilhaço. Porque só quando encararmos as fissuras com coragem, é que poderemos sonhar com um reflexo real. E quando esse dia chegar, talvez o país também se reconheça em ti.

“Espelhos Partidos” é um poema da margem — fragmentado, sim, mas profundamente humano.

ESPALHOS PARTIDOS - Lourenço Verissimmo




 

quarta-feira, 1 de outubro de 2025

Jardim Sem Primavera - Lourenço Verissimmo


Mensagem para a música “Jardim Sem Primavera”

Num bairro onde a terra nunca conheceu flores e o asfalto queimado é solo fértil para sonhos despedaçados, nasceu uma geração que não teve direito à infância. O "Jardim Sem Primavera" não é apenas um lugar, é um tempo suspenso — onde as estações passam, mas a esperança nunca floresce. É o retrato de ruas onde o riso das crianças é abafado por sirenes e o colorido das brincadeiras se perde na paleta cinzenta do betão.

Esta música é um grito silencioso por todos os meninos e meninas que crescem a aprender a sobreviver antes de aprenderem a sonhar. Os parques estão vazios, os brinquedos são improvisados, as mães carregam o mundo nos olhos e os pais ausentes tornam-se lendas contadas nos becos. Neste jardim, as árvores são postes, as flores são grafites, e o cheiro da primavera nunca chegou.

"Jardim Sem Primavera" é dedicada às infâncias interrompidas, aos sorrisos esquecidos, e aos futuros que ainda podem ser resgatados. Porque mesmo entre o cimento rachado, ainda pode brotar uma flor — se houver quem regue, quem olhe, quem lute. Esta faixa não é só melodia: é memória, é denúncia, é homenagem.
É o testemunho dos que cresceram sem primavera, mas ainda sonham com o verão.

Jardim Sem Primavera - Lourenço Verissimmo




 

terça-feira, 30 de setembro de 2025

Língua dos Perdidos - Lourenço Verissimmo


Mensagem sobre a música 🎵 “Língua dos Perdidos” – do álbum Raízes Queimadas

Há uma língua que nunca foi escrita. Uma linguagem que não aparece em dicionários nem é ensinada nas escolas, mas que se aprende na pele, no olhar, nos gestos curtos e nos silêncios longos. Essa é a Língua dos Perdidos. Ela nasce nos bairros esquecidos, nas vielas onde a polícia entra tarde demais, nas escadas partidas dos prédios sem futuro. É a língua dos que cresceram sem garantias, mas com códigos próprios — onde um aceno pode significar “cuidado” e um olhar firme é mais forte que um grito.

Esta música é um tributo a todos aqueles que falam com os olhos e escutam com o corpo. Que usam a arte do improviso para se proteger, para comunicar, para sobreviver. Gente que não aprendeu com livros, mas com a vida crua e sem filtro. Os perdidos aqui não são fracos — são invisíveis por fora, mas gigantes por dentro.

“Língua dos Perdidos” é sobre a beleza de uma cultura que nasce do caos, que transforma dor em código, abandono em resistência. É a gíria do desalento, o dialeto da coragem, a poesia clandestina dos que foram deixados para trás. Porque enquanto houver um só miúdo a falar com o coração na ponta da língua, esta língua continuará viva — mesmo que o mundo insista em não a ouvir.

Isto não é apenas música. É identidade.
É uma tatuagem verbal gravada no betão dos bairros.
É a prova de que, mesmo sem voz oficial, os esquecidos continuam a dizer tudo.

Língua dos Perdidos - Lourenço Verissimmo




 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Legado de Ferro Velho - Lourenço Verissimmo


Mensagem longa para a música “Legado de Ferro Velho”

Há lugares onde o tempo não passa — ele empilha.
Empilha memórias, pedaços de metal enferrujado, palavras que nunca chegaram a ser ditas.
Ali, entre rodas partidas e motores calados, jaz o eco de um país que prometeu muito e entregou pouco.

"Legado de Ferro Velho" não é apenas uma música, é uma denúncia em forma de batida.
É um retrato cruel, porém real, daquilo que foi deixado para trás por políticas esquecidas, por um sistema que descartou os seus como peças obsoletas.
São famílias que herdaram dívidas, casas por terminar, sonhos descontinuados — uma herança sem brilho, feita de pó e abandono.

Cada verso é uma chave inglesa lançada contra a indiferença.
Cada som é uma faísca que tenta reacender a dignidade apagada.
É sobre filhos que herdaram o silêncio dos pais, sobre bairros onde o único som é o ranger do ferro nas oficinas clandestinas.
É sobre um povo que aprendeu a construir castelos com os destroços, a fazer arte com a sucata da sua história.

Mas não é apenas lamento — é resistência.
Porque até o ferro velho guarda valor.
Porque há força naquilo que sobrevive ao esquecimento.
Porque este legado, embora pesado, é também a base para reconstruir — e há quem não aceite mais viver como resto de uma promessa mal cumprida.

Esta faixa é para os que lutam com as mãos sujas e o coração limpo.
Para os que não têm herança material, mas carregam no peito a coragem de recomeçar do zero.
É para quem transforma sucata em escudo, e dor em discurso.
É o hino de quem, mesmo sem nada, insiste em existir com tudo.

"Legado de Ferro Velho" não é fim.
É ponto de partida.
É grito rouco, mas verdadeiro.
É ferro retorcido que, um dia, será arma de criação.

Legado de Ferro Velho - Lourenço Verissimmo




 

domingo, 28 de setembro de 2025

Património em Cinzas - Lourenço Verissimmo


Mensagem para a música “Património em Cinzas”

Há lugares que falam sem precisar de vozes. São edifícios antigos, ruas esquecidas, praças onde o riso já não ecoa. Eram o orgulho de um povo, o símbolo de batalhas vencidas, de conquistas comunitárias, de histórias contadas à volta de uma mesa ou nas esquinas ao final da tarde. Mas hoje, esses espaços estão calados. Apagados. Em ruínas.

“Património em Cinzas” não é só sobre tijolos partidos ou janelas partidas — é sobre identidade arrancada ao longo do tempo, negligenciada pelas mãos que deveriam cuidar, proteger, preservar. É sobre ver o passado a desfazer-se em pó enquanto o presente caminha por cima, apressado e alheio. É um lamento, mas também um chamado.

Porque o que ardeu ainda pode ser lembrado. O que ruiu ainda pode ser contado. A memória dos antigos — dos que ergueram com esforço o que hoje desaba — é semente para reconstrução. Mas antes de erguer, é preciso reconhecer o que se perdeu. Honrar as paredes que viram nascimentos, partidas, resistências. Ouvir os ecos do que fomos, para que não desapareçamos completamente.

Este tema é uma oração urbana, um fado de concreto, uma elegia a tudo o que nos moldou e que agora está coberto de pó. Que não nos resignemos. Que olhemos as cinzas com olhos de futuro. Porque há beleza até nas ruínas, se soubermos escutá-las.

– "As pedras sabem mais de nós do que qualquer discurso bonito. Elas carregam as lágrimas, as lutas e os sonhos de quem já não está."

Património em Cinzas - Lourenço Verissimmo




 

sábado, 27 de setembro de 2025

Rotas Clandestinas - Lourenço Verissimmo


🎙️ Mensagem para a música “Rotas Clandestinas”

Há caminhos que não aparecem em mapas, rotas que se desenham na urgência da fuga e na esperança do invisível. "Rotas Clandestinas" é o grito silencioso de quem não teve escolha, de quem aprendeu a andar nas sombras para escapar da luz que julga, persegue ou ignora.

Esta música não é só sobre ruas escondidas ou fronteiras porosas — é sobre a coragem crua de quem arrisca tudo por um pedaço de dignidade. É sobre mães que embalam os filhos com medo nos olhos e fé nas pernas, sobre jovens que carregam sonhos proibidos nos bolsos rasgados e sobre comunidades inteiras que sobrevivem na margem, enquanto o mundo gira no centro.

Em cada verso há um suspiro camuflado, em cada batida o eco de passos que evitam sirenes. Não são criminosos — são sobreviventes. Não são fantasmas — são vidas que se movem onde o Estado falha, onde os direitos não chegam e onde a humanidade ainda insiste em florescer.

"Rotas Clandestinas" não é uma exaltação da ilegalidade, mas uma denúncia poética da desigualdade que força essas escolhas. É um retrato urbano de quem vive à margem da proteção e da justiça, mas ainda caminha com cabeça erguida. É resistência em forma de melodia.

Porque enquanto houver muros, haverá quem procure brechas. E enquanto houver brechas, haverá quem cruze. Esta música é para eles — os que caminham sem serem vistos, mas que precisam ser ouvidos.

🎧 Escuta com o coração, não só com os ouvidos.

Rotas Clandestinas - Lourenço Verissimmo




 

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

Muros com Raízes - Lourenço Verissimmo


Mensagem sobre “Muros com Raízes”

Há bairros onde as paredes falam — mas poucos sabem escutar.

“Muros com Raízes” é mais do que uma canção: é uma declaração silenciosa daquelas vidas que foram cimentadas em concreto, esquecidas por cima e por dentro. Cada bloco de betão conta a história de um avô que chegou do interior à procura de pão, de uma mãe que criou filhos entre paredes húmidas, de um jovem que sonha alto mas vive num rés-do-chão sem vista.

Nestes bairros, os muros têm raízes — profundas, trincadas, feitas de perdas e tentativas. São raízes que não se veem nas estatísticas nem nas visitas políticas de véspera de eleições. São raízes que se entranham no chão, no costume, no sotaque, na saudade. Crescer ali é viver num mundo à parte, onde os livros escolares falam de um país que não reconhecemos, mas os muros, esses, contam tudo: do primeiro amor ao luto, do orgulho ao silêncio.

A letra desta música ressoa com todos os que já se sentiram invisíveis, que foram ensinados a sobreviver e não a sonhar. Mas também é um grito de permanência. Porque mesmo que tentem apagar, reformar ou demolir, há memórias que se recusam a desaparecer. Há lares que foram construídos com mais força do que qualquer plano urbanístico.

Esta faixa é um tributo às vozes abafadas, às janelas fechadas com esperança e às histórias escritas à mão nas paredes do bairro.
Porque há lugares onde se vive com pouco, mas se sente com tudo.
E há raízes que, mesmo sufocadas, continuam a crescer.

Muros com Raízes - Lourenço Verissimmo




 

quinta-feira, 25 de setembro de 2025


Mensagem inspirada na música “Vozes que Não Contam” – do álbum Desligados do Mapa

Na arquitetura esquecida dos bairros periféricos, entre os vãos dos prédios cinzentos e os grafitis rasgados pela chuva, há vozes. Vozes que não aparecem em jornais, que não seguram microfones, que não têm assento em parlamento nenhum — mas que existem. Gritam em silêncio. São os ecos de histórias jamais colhidas, de dores que não encontram escuta, de vidas que se desenrolam nos bastidores da sociedade dita civilizada.

“Vozes que Não Contam” é um tributo a todos os que foram calados sem algemas. Aos que aprenderam a esconder o choro para não parecerem fracos. Aos que viraram estatísticas antes de virarem adultos. Aos que carregam no peito cicatrizes que o Estado nunca reconheceu. É também uma chamada de atenção, um espelho empurrado à força na cara de um país que se finge cego perante os seus próprios fantasmas.

Cada verso desta música foi escrito como quem recolhe testemunhos de rua – fragmentos de vidas que se cruzam nas paragens de autocarro, nos corredores das escolas sem verbas, nos bares improvisados entre barracões, nos olhares baços de quem perdeu a fé mas ainda caminha. Esta canção é uma espécie de arquivo emocional, onde cada linha é uma voz soterrada sob o ruído de uma cidade que finge não ouvir.

Mas elas estão lá. Sempre estiveram.

No barulho de uma porta a fechar porque o despejo chegou.
No som de uma panela a ferver com o pouco que há.
Na gargalhada forçada de quem tenta esquecer que está desempregado há anos.
Nos passos apressados da mãe que leva os filhos à escola e depois corre para o subemprego.
Na batida forte que vem do quarto do adolescente que escreve rimas para não enlouquecer.

Estas vozes talvez não contem para quem distribui poder ou recursos, mas contam – e muito – para quem ainda insiste em resistir. E enquanto houver arte, haverá forma de amplificá-las.

Este álbum, Desligados do Mapa, não é um protesto vazio. É um manifesto vivo. É sobre dar corpo e volume a essas vozes que não contam, mas que carregam o peso do país inteiro.

E se tu estás a ler isto e sentes que a tua voz nunca foi ouvida: esta canção é para ti.
Tu és a batida que ainda pulsa.
Tu és o som que não se cala.
Tu és parte do coro que vai acabar por ser escutado.

Porque cada palavra não dita também é uma forma de resistência.
E hoje, elas vão ecoar.
Hoje, nós ouvimos.

Vozes que Não Contam - Lourenço Verissimmo




 

Acordeão, Meu Companheiro - A Rainha do Pimba

A Música Que Vibra Com a Alma do Povo Há sons que não se ouvem apenas — sentem-se. O acordeão é desses sons: quando ele ecoa no ar, ele não...