domingo, 28 de setembro de 2025

Património em Cinzas - Lourenço Verissimmo


Mensagem para a música “Património em Cinzas”

Há lugares que falam sem precisar de vozes. São edifícios antigos, ruas esquecidas, praças onde o riso já não ecoa. Eram o orgulho de um povo, o símbolo de batalhas vencidas, de conquistas comunitárias, de histórias contadas à volta de uma mesa ou nas esquinas ao final da tarde. Mas hoje, esses espaços estão calados. Apagados. Em ruínas.

“Património em Cinzas” não é só sobre tijolos partidos ou janelas partidas — é sobre identidade arrancada ao longo do tempo, negligenciada pelas mãos que deveriam cuidar, proteger, preservar. É sobre ver o passado a desfazer-se em pó enquanto o presente caminha por cima, apressado e alheio. É um lamento, mas também um chamado.

Porque o que ardeu ainda pode ser lembrado. O que ruiu ainda pode ser contado. A memória dos antigos — dos que ergueram com esforço o que hoje desaba — é semente para reconstrução. Mas antes de erguer, é preciso reconhecer o que se perdeu. Honrar as paredes que viram nascimentos, partidas, resistências. Ouvir os ecos do que fomos, para que não desapareçamos completamente.

Este tema é uma oração urbana, um fado de concreto, uma elegia a tudo o que nos moldou e que agora está coberto de pó. Que não nos resignemos. Que olhemos as cinzas com olhos de futuro. Porque há beleza até nas ruínas, se soubermos escutá-las.

– "As pedras sabem mais de nós do que qualquer discurso bonito. Elas carregam as lágrimas, as lutas e os sonhos de quem já não está."

Património em Cinzas - Lourenço Verissimmo




 

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