sábado, 4 de outubro de 2025

Muralhas Invisíveis - Lourenço Verissimmo


Mensagem para "Muralhas Invisíveis"

Há muros que não se veem, mas que sentimos todos os dias. Não têm tijolos, nem cimento, não aparecem nos mapas, mas estão erguidos dentro das ruas, das escolas, dos empregos, dos olhares. São muralhas feitas de preconceito, de desigualdade, de medo, de esquecimento. Separações que não precisam de arame farpado para serem cruéis.

Vivemos lado a lado, mas não juntos. O bairro rico e o bairro pobre, a rua iluminada e a viela escura, o acesso fácil e a porta fechada. Quem nasce de um lado raramente atravessa para o outro, não por escolha, mas porque as barreiras são altas, frias e silenciosas. É como viver numa prisão a céu aberto, onde as grades são invisíveis, mas as consequências são bem reais.

Estas muralhas não caem com explosivos ou com máquinas. Elas caem com consciência, com diálogo, com justiça. Mas para isso, precisamos primeiro admitir que elas existem. Fingir que não vemos é reforçar cada pedra que as compõe.

O combate contra as muralhas invisíveis começa dentro de nós. No momento em que escolhemos tratar o outro como igual. No instante em que usamos a nossa voz para quem foi silenciado. Na hora em que percebemos que, enquanto houver um lado de fora, todos estamos, de alguma forma, presos.

Porque a liberdade verdadeira não é apenas poder andar onde quiser. É viver num lugar onde ninguém precise de muralhas — nem visíveis, nem invisíveis — para se sentir seguro.
E esse dia só chegará quando o medo for menor que a coragem e a indiferença menor que a empatia.
Até lá, a luta continua.

Muralhas Invisíveis - Lourenço Verissimmo




 

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