"Intermitente" é um mergulho nas zonas de sombra que existem entre o “estar” e o “não estar”, entre a presença que se sente e a ausência que se impõe. A faixa pulsa com um ritmo que não é constante — é fragmentado, instável, quase imprevisível. Tal como a luz de um letreiro de neon que oscila no escuro, o som aqui brilha e apaga, deixando no ar uma tensão que nunca se resolve completamente.
A letra fala de conexões humanas que não se sustentam no tempo certo, da sensação de estar sempre a meio de uma frase, de um gesto, de um momento. O beat é construído para que o ouvinte sinta essa quebra: camadas que surgem e desaparecem, como se a música também respirasse de forma irregular.
"Intermitente" é, acima de tudo, um reflexo da vida moderna, onde a atenção é disputada por mil estímulos, mas raramente se fixa em algo. É sobre o coração que acelera sem aviso, sobre a mente que foge quando mais precisa de ficar. E no fundo, é um lembrete de que mesmo o que falha em ser constante pode ter beleza — um clarão breve numa noite longa, uma presença que, mesmo interrompida, deixa marca.
Intermitente - Digo Zero Martins










