"Ruas Que Não Dão Para Sair" é um mergulho profundo na sensação de aprisionamento — não apenas físico, mas emocional e existencial. A música evoca imagens de becos estreitos, postes de luz que piscam como se estivessem à beira de desistir, e muros que, mesmo invisíveis, parecem mais altos a cada passo. É uma canção que fala sobre a repetição sufocante do dia-a-dia, sobre percorrer sempre as mesmas calçadas e ver as mesmas portas fechadas, como se o mundo fosse um labirinto programado para não ter saída.
A letra traduz o peso de viver em lugares onde o horizonte é apenas um conceito distante, onde a geografia urbana se torna metáfora de vidas estacionadas, de sonhos emparedados por circunstâncias e falta de oportunidades. Mas, apesar do tom sombrio, há nela um lampejo de resistência: a percepção de que, mesmo nas ruas sem saída, a mente pode encontrar brechas. É o contraste entre o corpo preso e o pensamento livre, entre o concreto frio e a chama interna que insiste em procurar um caminho.
Com batidas graves e um ritmo que pulsa como um coração ansioso, "Ruas Que Não Dão Para Sair" é mais do que uma música — é um estado de espírito, um retrato sonoro de todos que já sentiram que estavam a caminhar em círculos, esperando por uma saída que, talvez, precisem criar por si próprios.
Ruas Que Não Dão Para Sair - Diogo Zero Martins


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