Mensagem para "Os Vivos Dormem" – Diogo “Zero” Martins
Há noites que não acabam. Não porque o relógio parou, mas porque dentro de nós tudo ficou suspenso. Em “Os Vivos Dormem”, Diogo “Zero” Martins traduz a apatia invisível que se esconde por detrás das janelas fechadas e dos corpos imóveis. É uma faixa silenciosa na superfície, mas cheia de gritos abafados na profundidade.
Aqui, a cidade parece respirar por um fio, com luzes fracas que tremem como olhos cansados prestes a fechar. É madrugada — não apenas na hora, mas na alma. A música avança como um sussurro elétrico, onde cada batida é o eco de um coração que já se habituou à ausência. Zero canta os que andam na rua sem se moverem por dentro, os que se deitam todas as noites com o peso do dia inteiro colado ao peito.
Esta faixa não é um lamento, é um espelho. Mostra como a alienação se disfarça de rotina, como a paz aparente esconde batalhas internas travadas em silêncio. É um retrato urbano de uma geração que aprendeu a sorrir enquanto dorme por dentro, de olhos abertos.
“Os Vivos Dormem” não te grita — sussurra-te ao ouvido com uma força que não se esquece. É para ouvir de madrugada, de auscultadores, sozinho, quando também tu começas a desaparecer para o mundo. Porque às vezes, estar acordado não significa estar vivo.
Os Vivos Dormem - Diogo Zero Martins


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