"Invisível em Alta Definição" é uma faixa que mergulha na contradição mais gritante da nossa era: a de estarmos expostos como nunca, mas compreendidos como nunca antes tão pouco. É um retrato frio e intenso da vida sob o filtro das redes sociais — onde cada movimento é transmitido, cada expressão é potencialmente viral, mas o peso real de quem somos fica soterrado sob pixels e curtidas. A canção fala de um corpo presente na vitrine digital, mas ausente no calor humano, de um rosto ampliado em ecrãs luminosos enquanto o coração bate em silêncio fora do enquadramento.
O ritmo pulsa como notificações incessantes, carregando um brilho artificial que quase mascara o eco da solidão. As letras são diretas, quase confessionais, expondo um protagonista que se vê transformado num produto de consumo rápido — uma imagem nítida, mas de conteúdo esvaziado. A ironia é afiada: estar em “alta definição” não significa ser visto na essência, mas apenas na superfície.
Esta música não se limita a denunciar; ela provoca. É uma reflexão amarga sobre como a nossa necessidade de visibilidade pode ser a maior forma de autoapagamento. E, no fundo, deixa a pergunta que arde como neon no escuro: de que vale ser visto por todos, se não se é sentido por ninguém?
Invisível em Alta Definição - Diogo Zero Martins

Sem comentários:
Enviar um comentário