sábado, 28 de junho de 2025

Fantasma de Betão - Lourenço Verissimmo


Mensagem para a música “Fantasmas de Betão”

Nas ruas de cimento onde o sol bate pouco e o frio mora todo o ano, há silêncios que gritam mais alto do que qualquer sirene. “Fantasmas de Betão” não é apenas uma música, é uma viagem ao coração endurecido dos bairros esquecidos — onde os prédios têm nomes, mas as pessoas, não. São blocos erguidos como fortalezas de miséria, com escadas que rangem histórias de quem sobe sempre com o peso do mundo às costas.

Esta canção fala de presenças que não vemos, mas sentimos. De vidas que se arrastam entre corredores sombrios, entre vizinhos que deixaram de se falar e sonhos que deixaram de bater à porta. Os fantasmas de que falamos não são espíritos do além — são aqueles que ainda respiram, mas que foram apagados do mapa. São os miúdos que crescem sem horizonte, os velhos que morrem sozinhos, as mães que choram no silêncio da madrugada.

Mas também é sobre resistência. Porque mesmo quando tudo parece ruir, há quem pinte as paredes com arte, há quem cante com dor e esperança. Há quem transforme o betão em poesia, e o abandono em voz. “Fantasmas de Betão” é o eco dos esquecidos. É a memória viva de quem insiste em existir, mesmo quando o mundo já os deu por mortos.

Escuta esta música com o coração aberto. Ela não pede piedade, pede atenção. Pede que olhes para cima, para esses blocos cinzentos, e percebas que ali dentro pulsa uma força que se recusa a desaparecer. Porque há fantasmas que não se calam. E nesta batida, eles falam.




 

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