Lágrimas no Passeio é mais do que uma canção — é um sussurro vindo do chão, da calçada pisada todos os dias por pés apressados que não notam as histórias deixadas para trás. Cada pedra guarda a memória de alguém que ali chorou sem som, alguém que segurou a dor para dentro porque o mundo lá fora não tem tempo para sentir.
É um retrato dos esquecidos, dos que vivem à margem dos olhos atentos, mas no centro das cicatrizes da cidade. É sobre mães que enterraram filhos na violência das ruas. Sobre jovens que perderam os sonhos entre o tráfico, os tiros e os silêncios cúmplices. Sobre idosos que olham as fachadas a ruir, lembrando de um tempo em que Portugal ainda prometia futuro.
“Lágrimas no Passeio” é um convite à escuta. Uma chamada a quem anda distraído, a quem julga sem ver, a quem passa sem notar. Porque a dor que não grita não é menos dor. Porque as calçadas choram — e nós, por vezes, só precisamos parar, baixar os olhos e ouvir o choro do bairro.
É por cada lágrima seca no cimento, por cada coração que continua a bater mesmo partido, que esta música vive. Porque nem todas as lágrimas são visíveis. Mas todas elas contam.
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