Mensagem – Canta-me Como Era Dantes
Há canções que não se cantam só com a voz — cantam-se com a alma. “Canta-me Como Era Dantes” é um desses fados. Uma súplica doce e melancólica por aquilo que já foi e que, de certa forma, ainda vive dentro de nós. Porque o tempo passa, mas há coisas que o tempo não leva: o som de um nome dito ao ouvido, o cheiro de um abraço antigo, o sabor das palavras que nunca se disseram… e sobretudo, o silêncio que ficou depois da ausência.
Nesta canção, Duarte Marçal entrega-se inteiro, como quem oferece o coração em cada verso. A sua voz grave e ferida embala o ouvinte num mar de lembranças, onde cada palavra é uma âncora e cada melodia, uma vela soprada pela saudade. É como se cantasse não apenas para alguém que partiu, mas para uma época, uma versão de si próprio, um amor que ficou suspenso num tempo que já não volta — mas que insiste em viver através da música.
“Canta-me Como Era Dantes” é mais do que uma simples evocação do passado. É um pedido urgente de reencontro. Com o outro, mas também com o que éramos antes da dor, antes das mudanças, antes da vida nos ensinar que nem tudo se repete. É o desejo de ouvir de novo aquilo que nos fazia acreditar, sentir, sonhar. Como se cada nota pudesse reconstruir o que se perdeu — mesmo que só por instantes.
Há quem diga que o fado é tristeza cantada. Mas nesta canção, o fado é também esperança. Porque ao pedir “canta-me como era dantes”, pedimos também que alguém nos lembre quem éramos quando ainda sabíamos ser felizes. Quando ainda sabíamos amar sem medo, sorrir sem cicatrizes, viver sem peso. E é nesse gesto de escuta — nessa entrega à memória — que reencontramos uma paz rara e profunda.
Talvez nunca se volte a viver o que foi. Mas enquanto alguém puder cantar com verdade, enquanto a guitarra portuguesa ecoar nas esquinas da alma, enquanto houver quem se emocione ao lembrar... o passado continua vivo. E a música, como esta, transforma a dor em beleza.
Se hoje precisas de reencontrar um pedaço de ti, ou de alguém que já não está... ouve esta canção. Fecha os olhos. E deixa que Duarte Marçal te cante — como era dantes.
Canta me Como Era Dantes - Duarte Marçal


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